Filho, para esperar o amanhecer
Postei-me à janela, atento.
Mas a noite é um evento
Que demora a acontecer.
O céu de tão longo tornou-se lento
E tão mais eu quisesse haver
A proximidade do alvorecer
Tão mais demorava-se o firmamento.
Por isso, filho, pintei esta porta
Aberta na parede, junto à janela,
Pedaço do mundo que me conforta.
Para nela poder ver os nossos sóis
E, ao querer, sempre ir por ela
A minha saudade fazê-la voz.