segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Comentários Musicais

Em publicação recente sobre a vida e obra de Raimundo Carreiro, Anco Márcio, professor do Departamento de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco, recorre a Eugênio Evtuchenko, “um esquecido poeta russo”, para lembrar que “A autobiografia de um poeta são seus próprios poemas”.

Em parte verdade – pois, tal como Anco, no mesmo texto, não desprezo outras fontes documentais, como entrevistas, artigos, cartas e a fortuna crítica sobre o autor –, esse axioma pode ser aplicado na apreciação da música: ouvir a obra de um autor é o primeiro passo para conhecê-lo.

Acho bem interessante conhecer trajetórias de vida, influências, o que um autor diz sobre si e o que se diz sobre ele. Uma obra artística não existe sem contexto. No entanto, sua força não pode ser mensurada apenas pelas referências externas.

É o caso de Victor Lemonte Wooten, multi-instrumentalista norte-americano e um dos baixistas mais premiados do mundo. Elogiado principalmente pelo seu virtuosismo, ouvir Wooten é uma experiência nova e instigante, pois sua musicalidade parece encerrar em si um significado novo para a música instrumental contemporânea. Reunindo uma miscelânea de tendências, Wooten criou um estilo próprio de tocar, extremo, no qual o signo musical se prolifera em frases, ritmos e harmonias pouquíssimo vistas em um baixo elétrico (aconselho uma busca rápida na internet para vê-lo tocando).

Wooten começou sua carreira na Wooten Brother Band, junto com seus quatro irmãos mais velhos Regi, Rudy, Roy e Joseph, seguindo depois para o aclamado Béla Fleck and the Flecktones, com o grande “banjista” Béla Fleck. Participou de outros grupos não menos importantes, como o Bass Extremes, o The Vital Tech Tones (com Scott Henderson e Steve Smiths), o Extration (junto com Greg Howe e Dennis Chambers) e o SMV (com os lendários Stanley Clarke e Marcus Miller). Sua carreira solo é marcada pelos discos A Show of Hands (1996), What Did He Say? (1997), Yin-Yang (1999), Live in America (2001), Soul Circus (2005) e Palmystery (2008). Do seu currículo, constam três prêmios de baixista do ano pela revista Bass Player e cinco prêmios Grammy Award.

Mas, como disse, as referências externas são só pistas. Assim, para apreciação do paciente leitor, disponibilizo neste post um versão acid jazz que o Béla Fleck and The Flecktones, banda que proporcionou visibilidade a Wooten, fez para um clássico dos Beatles, Michelle.

(Um curiosidade: o nome da marca do baixo do cara é Fodera. Coincidência?)

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