terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Esses dias

Esses dias andam cheios
De papéis, de contas, de procuras e respostas insatisfatórias,
Cheios de pouca vida.

Os caminhos, nesses dias, são de chuva e sol
— inutilmente chuva e sol, quando há apenas uma sala e uma máquina conectada à rede
E tão só restos de felicidade espalhados no tempo.

Neste momento, por exemplo,
Este poema é um parto obscuro
Que escondo dos meus consortes,
Mergulhados que estão nesses dias
E na anotação de seus êxitos.

Então eu lhes peço licença
— a esses dias que me desejam atarefados —
Para beber cerveja e fumar erva,
Contemplar a praia, o riso das pessoas,
Cantar um samba que nem sei.

Mas ainda isso não me evitaria máquina.

Pois nas fábricas de cerveja e nas plantações clandestinas
Esses dias andam cheios de papéis, fazem contas,
Perguntam pelos cantos sobre a hora de ir embora.

Somos, em tudo, engrenagens
Dessa imensa fábrica implacável de felicidade.

3 comentários:

theo costa disse...

As máquinas distanciam mas também aproximam. Computadores, veículos, câmeras..até a máquina de ultrasom aproxima a mãe do bebê que nem nasceu...Vamos aproximar os amigos através das nossas máquinas que param o tempo, pra jogar conversa fora, ou pra jogar fora a falta de tempo, quem sabe na sexta, naquele bar do mané, ou fazer diferente, chamar o andré ir à livraria e tomar um café....vamos nessa...

Anônimo disse...

André.
rsrsrs theo é uma onda .

Malthus de Queiroz disse...

Concordo com Theo e André: quem escreve nossa história somos nós (ainda que poucos a leiam!).